Infância: Santa Gianna viveu entre 1922 e 1962 e temos muitas fotos dela. Todas as suas fotos mostram um semblante belo, cheio de paz e ternura. Gianna Beretta Molla nasceu em 4 de outubro de 1922 em Magenta, Itália, sendo a 10ª de 13 filhos dos quais, 5 morreram muito cedo. Seus pais eram de fé e oração. Assistiam à Missa todos os dias, hábito que foi acompanhado por todos os filhos em suas vidas, além de muita oração em casa e respeito aos Mandamentos. Não eram ricos, mas sempre ajudavam os pobres e na evangelização. Todos os filhos quiseram estudar e seguiram os exemplos dos pais, que faleceram no mesmo ano de 1942. O filho Gilberto se tornou sacerdote na Itália. Zita se tornou farmacêutica e foi solteira. Alberto se tornou sacerdote e veio morar no Brasil durante 33 anos. Virginia se tornou freira missionária na Índia. Gianna queria ser freira missionária, mas se casou. Em 14 de abril de 1928, Gianna recebeu a Primeira Comunhão e passou a recebê-la cada vez com mais fervor. Jamais perdia uma Missa. Era seu alimento espiritual indispensável.
Estudante de medicina: Gianna decidiu estudar medicina para ajudar o próximo. Era uma jovem radiante de amor e alegria. Em cada manhã, mesmo com muitos estudos, Gianna se trancava no quarto para um tempo de profunda oração e meditação. Visitava sempre o Sacrário em alguma igreja próxima aberta e rezava o Terço todos os dias em honra de Nossa Senhora de Fátima, de quem era muito devota.
Retiro espiritual: Aos 15 anos, em 1938, Gianna participou de um retiro espiritual conforme os Exercícios de Santo Inácio de Loyola. Esse retiro lhe marcou por toda a vida. Ela escreveu: "Fazer tudo pelo Senhor... Para servir a Deus, já não irei ao cinema sem ter a segurança de que se trata de um filme conveniente e não escandaloso, ou imoral... Prefiro morrer antes que cometer um pecado mortal... Rezarei todos os dias uma Ave-Maria para que o Senhor me conceda uma boa morte... O caminho mais curto para alcançar a santidade é o da humilhação... Pedir ao Senhor que me conduza ao Paraíso."
Leiga na Ação Católica e nos Vicentinos: Quando jovem, Gianna fazia parte do movimento da Ação Católica feminina italiana, desde a idade de 12 anos. Sempre se interessava pela situação de cada participante, dando atenção e encaminhamentos para todos. Sempre dava bons conselhos, guiando-os no caminho da retidão. Diversas vezes, pagava algo para algum necessitado com seu próprio dinheiro. Apesar de liderar o movimento com as jovens, era mais como uma irmã e amiga de todas. Visitava os velhinhos e os pobres ajudando-os de toda a maneira possível, sempre com grande ternura no olhar e seu belíssimo sorriso que cativava a todos. Gianna também fazia penitências e jejuns de evitar doces e sorvetes que gostava. Gianna colocava sua casa sempre à disposição das moças, e às vezes, fazia refeições para momentos de descontração e alegria. Ela disse: “É importante amar aqueles que estão ao nosso lado. Não podemos ser felizes sozinhos.”
Desejo de ser missionária no Brasil: Em 1949, aos 28 anos, Gianna se formou em medicina e cirurgia e se especializou em 1952 em Pediatria, devido ao seu amor pelas crianças e pelas mães. Nesta época, seu irmão Alberto estava morando no Brasil, num hospital de Grajaú, Maranhão, onde exercia a medicina num hospital dedicado aos pobres. Era exatamente o que Gianna queria: ser médica missionária para ajudar os doentes em algum lugar. Desejou por muito tempo vir para o Brasil e pensava ser essa a sua vocação. Esteve quase a ponto de embarcar para o Brasil. Mas ela sempre adoecia nos verões da Itália e não suportaria as altas temperaturas do nordeste brasileiro que duram o ano todo. Um bispo lhe disse que quando Deus quer algo para nós, Ele também dá a saúde para aquela missão. Se Deus não der os meios, é porque esta não é a vontade Dele. Naquela hora, Gianna ficou muito triste com isso, mas aceitou. Decidiu continuar solteira e rezando por sua vocação e aceitar o que Deus lhe enviasse.
Médica para fazer a caridade: A Doutora Gianna abriu seu consultório de médica na cidade de Mesero, Itália. Todos os dias, pegava seu carro e ia trabalhar cheia de energia e bom humor. Sua bondade e atenção para com cada doente rapidamente ficou conhecida em toda a cidade. Não tinha nenhum desejo de riquezas nem se preocupava com as despesas, apenas em ajudar o próximo com a profissão de médica. Em cada consulta, atendia cada doente com grande paciência e bondade. Aos doentes pobres ajudava com dinheiro, além de medicamentos que comprava de seu próprio bolso, e alimentos que precisavam. A Doutora Gianna atendia nos bairros e lugares mais pobres gratuitamente e nas creches e paróquias. Nunca perdia a paciência nem com os pacientes mais ousados. Sempre demonstrava boa vontade quando procurada fora dos horários. Nunca disse “não” para socorrer a ninguém. Para todos sempre dava um jeito. Ela não apenas atendia aos doentes, mas se interessava pela situação de vida deles procurando dar bons conselhos, principalmente para as mães sobre a educação dos filhos. Só saia do consultório depois de ter atendido a todos, às vezes, até tarde da noite. Convidava todos a terem fé e confiança na bondade de Deus e de Nossa Senhora.
Contra o aborto: A Doutora Gianna sempre foi contra o aborto e pregava sobre isso em suas palestras com o povo e com outros médicos. Ela dizia: “O aborto é um grave pecado. A vida é sagrada. Cada vida nova é o mais belo dom que Deus pode oferecer a uma nova criatura. Infelizmente, quando o mal já está feito, muitas destas mulheres vêm encontrar-se comigo.” Gianna acolhia todas as mulheres que tinham feito o aborto sem condená-las. Ouvia seus desabafos e as convidava a confiarem na misericórdia de Deus que perdoa todos os arrependidos. A Igreja Católica é contra o aborto mesmo em caso de estupro.
Namoro com santidade: Até os primeiros meses do ano de 1954, Gianna continuava solteira e ainda se perguntava qual era sua vocação. Neste ano, ela conheceu o engenheiro Pietro Molla (Pedro), que também era um homem muito bom e de muita fé. Ele era dono de uma fábrica e viajava muito a trabalho. Pietro rezava pedindo a Deus que lhe enviasse uma boa esposa. Ele conta: “Recordo-me de você, Gianna, quando, com seu sorriso largo e gentil, saudava o Frei Lino e os seus parentes. Quando fazia devotamente o Sinal da Cruz antes do café e ainda quando estava em oração durante a bênção do Santíssimo Sacramento.” E começaram o namoro trocando muitas cartas e flores. No namoro, Gianna e Pietro foram muito apaixonados pelo outro, cada dia mais. Ela ficava impaciente esperando cada encontro marcado com ele. Nas cartas trocadas, vemos o grande amor de Gianna e sua imensa humildade. Algumas frases que ela escreveu: “Querido Pietro: Como gostaria de dizer-lhe tudo quanto sinto por você! Mas não consigo. Ajude-me. O Senhor me ama muito mesmo. Você é o homem que eu queria encontrar, mas não nego que muitas vezes me pergunto: ‘Serei digna dele?’ Sim, digo-lhe, Pietro, porque me sinto como se não fosse ninguém, incapaz para nada, embora deseje fazer que você seja feliz, receio não consegui-lo. Assim, com a ajuda e a bênção de Deus, faremos tudo para que nossa nova família seja um pequeno Cenáculo em que Jesus reine sobre todos os nossos afetos, desejos e ações.”
Matrimônio com devoção: Após meses de namoro, decidiram se casar. Gianna e Pietro se prepararam para o Matrimônio com 3 dias de orações e Missa, cada um em sua cidade. Ela escreveu: “Meu querido Pietro, faltam poucos dias e sinto-me comovida por aproximar-me para receber o Sacramento do Amor. Tornamo-nos colaboradores de Deus na criação. Assim podemos dar-lhe filhos que o amem e o sirvam. Pietro, conseguirei ser a esposa e a mãe que sempre desejou? É isso mesmo o que quero, porque você o merece e porque lhe devoto muito amor. Reze para que o Senhor me mande muitos filhos bons e saudáveis. Beijos e abraços com todo o amor. Muitos beijos, da sua Gianna.” E se casaram no dia 24 de setembro de 1955. A cerimônia foi feita pelo Padre Giuseppe Beretta, um dos irmãos de Gianna. Em 1956, nasceu o primeiro filho: Pierluigi. Em 1957, nasceu a Mariolina, e em 1960, a filha Laura. Após o nascimento de cada filho, Gianna fazia uma generosa doação em dinheiro para as missões como um agradecimento a Deus.
Esposa e mãe exemplar: Gianna foi realmente amorosíssima pelo seu marido e pelos filhos. Ela continuou exercendo a profissão de médica, mas por menos horas que quando solteira. Ajustava todos os horários para ter tempo para todos, para o marido e os filhos. Nunca decepcionou seu marido. Soube dividir tudo para todos. Tinha uma babá que a ajudava em casa, mas sempre que estava lá era ótima dona-de-casa. Fazia pratos saborosos. Cuidava muito bem da limpeza e do jardim. Sempre conversava com sua melhor amiga sobre os filhos e seus futuros. Quando chegava alguma visita, pedia a sua amiga a receita de algum prato diferente. Gianna educava seus filhos com seriedade e os chamava de “meus tesouros”. Ela os incentivava a evitar todo pecado e a rezar muito todos os dias. Gianna continuou rezando muito todos os dias e freqüentando a Missa. Nunca foi vista ociosa nem dormindo de dia. Estava sempre ocupada com os filhos, ou o marido ou seus queridos doentes.
Lazer e alegria de viver: Apesar de gostar de trabalhar, Gianna sempre tirava folgas e férias com o marido e parentes. Gostava de esquiar nas montanhas nevadas da região. Era apaixonada por contemplar a natureza e meditar na criação de Deus e no dom da vida. Gostava de tocar piano e pintar. Ia ao cinema, praças, piqueniques e operas com o marido. Gianna valorizava o dom da vida. Precisou viajar de avião a trabalho com o marido e aproveitou para fazer bonitas viagens por vários países da Europa.
Gravidez de risco e cirurgia: Gianna era felicíssima com o marido e os 3 filhos, mas não se contentava. Queria mais um quarto filho e brincou dizendo ao marido: “Estamos ficando velhos.” Em agosto de 1961, ficou grávida novamente e comemorou com todos os familiares. Mas, no segundo mês de gravidez, Gianna sentiu dores. E ao fazer os exames, foi constatado que tinha um fibroma no útero que punha em risco a sua vida e da criança. Era um tumor benigno que devia ser extraído. Três soluções foram apresentadas a ela pelos médicos: 1ª) Extrair o tumor e o útero e abortar a criança, o que salvaria apenas a mãe. 2ª) Extrair o tumor e provocar o aborto e a mãe poderia engravidar novamente. 3ª) Extrair apenas o tumor e não interromper a gravidez. Somente esta terceira possibilidade salvaria a vida da criança, mas colocaria a vida da mãe em grave perigo após o parto. Gianna não pensou duas vezes e escolheu: “Se devem decidir entre eu e a criança, não hesitem! Exijo a criança! Salvem-na! Cuidem da criança. Deus cuidará de mim. Eu faço a vontade de Deus e Deus providenciará o necessário para meus filhos.” Gianna pensou primeiro na criança, mesmo sabendo que as chances de sobreviver após o parto seriam poucas. No dia 6 de setembro de 1961, foi feita a cirurgia que Gianna escolheu e a criança foi salva. Ela ficou muito feliz e agradeceu muito a Deus. Após recuperar-se, voltou à sua rotina diária de médica, esposa e mãe, sempre com muita alegria e disposição até os últimos dias antes do parto. Gianna rezava pedindo a Deus para sobreviver e também pela criança. Alguns dias antes do parto de risco, pediu a Pietro para trazer algumas revistas de roupas bonitas de Paris e disse mostrando algumas páginas: “Se Deus quiser que eu permaneça aqui, quero viajar um pouco e espairecer.” Alguns dias antes do parto de risco, Gianna disse a um menino: “Talvez essa seja a última vez que você vê a tia Gianna...” Ela arrumou muito bem toda a casa, como se fosse partir de viagem. Gianna tinha plena consciência do que lhe podia acontecer, mas estava imensamente feliz, serena e tranqüila, entregando seu futuro e da criança nas Mãos de Deus. Sua fé era inabalável e confiante.
Parto e morte: No Sábado Santo, 21 de abril de 1962, foi feito o parto e nasceu a criança salva: uma menina que recebeu o nome de Gianna Emanuela. Após o parto, Gianna olhou para a filha com imensa ternura e alegria. Isso durou pouco, pois horas depois o estado de Gianna se agravou durante os dias seguintes: febre sempre mais alta, vômitos, hemorragia, dores abdominais fortíssimas e peritonite séptica. Quando a dor era muito intensa, Gianna beijava seu Crucifixo rezando a Jesus. Mandou chamar um padre e recebeu com fervor a Confissão e a Eucaristia. Pôde receber apenas um pedaço da Hóstia. Pedro não deixou sua esposa nem por um instante. Os médicos tentavam tudo para salvá-la, mas ela piorava ainda mais. Após estar adormecida e extremamente fraca, Gianna disse a Pietro suas últimas palavras: “Pedro! Agora me curei. Eu estava já do outro lado, e se você soubesses o que eu vi... Um dia te direi! Mas, como éramos muito felizes, estávamos tão bem com os nossos maravilhosos filhos, cheios de saúde e graça, com todas as bênçãos do Céu, mandaram-me de volta aqui embaixo, para sofrer um pouco mais, porque não é justo apresentar-se a Deus sem antes ter sofrido muito.” Naquele momento, sua irmã Virgínia entrou no quarto com o Crucifixo no peito. Vendo o Crucifixo, Gianna pediu para beijá-lo e disse suas últimas palavras antes de morrer: “Jesus, te amo! Jesus te amo!” Era o dia 28 de abril de 1962 e Gianna morria com apenas 39 anos.
Veneração: O funeral pareceu mais uma enorme procissão de devotos. Toda a cidade parou para acompanhar o carro fúnebre com a saudação de todos os moradores. Foi algo nunca visto. A cidade inteira sentia a perda da médica querida e ao mesmo tempo, aplaudia com emoção e alegria o motivo de sua morte: morreu para salvar uma vida, morreu por não abortar. Depressa, a fama da Doutora Gianna se espalhou por toda a Itália e Europa, sendo elogiada em todos os cantos. Mas Gianna não foi Santa apenas por doar a vida para salvar a filha, mas por todo o exemplo de vida que deu. Seu gesto heróico foi uma belíssima coroação da santidade que viveu com o próximo no dia-a-dia. A santidade é um chamado de Deus para todos, sejam casados, solteiros, sacerdotes ou religiosos. Gianna praticou a Palavra de Deus, não nos conventos, mas em lugares comuns e em cada ato de solteira, estudante, esposa, médica e mãe. Na vida de Gianna não aconteceram visões nem fatos extraordinários, mas gestos sempre cheios de grande amor. Esses é que são grandes para Deus. Pietro disse: “Era uma mulher piedosa e tinha uma indiscutível confiança na Providência Divina. Esta confiança ela nunca abandonou, nem mesmo nos seus últimos meses de vida. Gianna nunca perdeu a esperança de que poderia se salvar também. Gianna amava a vida que tinha. Tenho certeza que seu sacrifício, aceito com tanto amor, lhe custou infinitamente.” Ela praticou o amor em primeiro lugar, custe o que custar e o que Jesus disse: “Não há maior amor do que dar a vida pelos que se ama.” (João 15, 13)
Milagres na gravidez: Os dois milagres feitos por intercessão de Santa Gianna aconteceram justamente no Brasil, país onde ela queria morar e com duas mães após partos de risco como ela! O milagre para a beatificação aconteceu em Grajaú, Maranhão, em 1977, no mesmo hospital onde ela queria trabalhar como missionária com seu irmão. Depois do parto do quarto filho, uma mãe sofreu graves complicações de cicatrização e os enfermeiros e funcionários do local começaram a orar para Gianna. No dia seguinte, a mãe acordou completamente curada. No dia 25 de abril de 1994, o Papa João Paulo II beatificou Gianna Beretta Molla. O milagre para canonização ocorreu em Franca, São Paulo, no ano 2000. No quarto mês de gestação, Elisabete Arcolino perdeu todo o líquido amniótico, o que causaria a morte do bebê e da mãe. Elisabete quis seguir o exemplo de Gianna e não abortou pedindo sua intercessão. Com oração, ela conseguiu levar a gravidez até o final e sua filha nasceu saudável, fato inexplicável para a medicina. João Paulo II canonizou Santa Gianna em 16 de maio de 2004, na presença do marido Pietro ainda vivo, de Gianna Manuela, a filha salva por ela e dos outros filhos Laura e Pierluigi, de outros parentes. Também estavam presentes a brasileira Elisabete e sua filha curadas e salvas milagrosamente. Com certeza, esse foi o dia mais feliz de todas essas famílias!
Destino dos filhos e marido: Pietro não quis se casar novamente e criou os filhos. Mariolina faleceu ainda criança. Laura e Pierluigi, cresceram e se casaram. Gianna Emanuela, se tornou médica como sua mãe, mas não se casou. Ela ajudou a cuidar do pai Pietro até o seu falecimento em 3 de abril de 2010, aos 97 anos, por coincidência, num Sábado Santo como sua Santa esposa. Pietro foi um grande exemplo de fé e caridade com os outros.
Padroeira: A festa de Santa Gianna é celebrada no dia 28 de abril de cada ano e é a Padroeira das mães, médicos, partos e recém-nascidos. Uma Santa em defesa da vida e do amor!