sexta-feira, 1 de abril de 2022

Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria

O Papa Francisco consagrou a Humanidade inteira, especialmente a Ucrânia e Rússia, ao Imaculado Coração de Maria no dia 25 de março de 2022, com a participação dos bispos, sacerdotes e fiéis no mundo inteiro, pedindo especialmente a paz para o mundo e o fim da guerra e de todas as guerras. O Papa Francisco e todos os bispos e sacerdotes e fiéis rezaram a seguinte e belíssima oração: 
 
Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria: 
 
“Oh Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos. De quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da Paz. 
 
Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor! 
 
Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniqüidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a Humanidade. Por bondade divina, estais conosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história. 
 
Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós, os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: ‘Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?’ Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio. 
 
Assim fizestes em Caná da Galiléia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: ‘Não têm vinho!’ (Jo 2, 3). Oh Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna. 
 
Por isso acolhei, oh Mãe, esta nossa súplica: Vós, Estrela do Mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra. Vós, Arca da Nova Aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação.Vós, ‘terra do Céu’, trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus. Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão. Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear. Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar. Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade. Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo. 
 
O vosso pranto, oh Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da Humanidade ferida e descartada. 
 
Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da Cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: ‘Eis o teu filho!’ (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: ‘Eis a tua Mãe!’ (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a Humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da Cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria. 
 
Por isso nós, oh Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a Humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor. Fazei que cesse a guerra. Providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz. Confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo. 
 
Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que ‘sois fonte viva de esperança’. Tecestes a Humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amém.”