(Feito por Santo Afonso de Ligório)
No livro "Glórias de Maria", Santo Afonso escreve que são grandes as graças que Jesus prometeu aos devotos de Nossa Senhora das Dores e ali deixa uma reflexão sobre as suas 7 dores.
Nossa Senhora das Dores foi uma devoção cultivada por Santo Afonso, e isso se deve ao seu amor pela Paixão de Cristo e pela missão Corredentora de Maria aos pés da Cruz. Tanto é o carinho por esta devoção que ele guardava em seu quarto uma pintura dessa imagem.
A seguir, vamos trazer uma parte das meditações de Santo Afonso sobre as 7 dores de Maria, incluindo orações que ele escreveu e que indicam uma proposta de conversão.
Convidamos todos a meditarem nas Sete Dores de Nossa Senhora rezando este Setenário das Dores com orações e reflexões de Santo Afonso e Santa Faustina.
Oração inicial para todos os dias:
(Feita por Santo Afonso Maria de Ligório)
"Oh Mãe das Dores, Rainha dos mártires, que tanto chorastes vosso Filho morto para me salvar, alcançai-me uma verdadeira contrição dos meus pecados e uma sincera mudança de vida, com uma incessante e terna compaixão pelos sofrimentos de Jesus e pelos vossos.
Enfim, oh minha Mãe, pela dor que experimentastes quando o vosso Divino Filho, no meio de tantos tormentos, inclinando a cabeça, expirou a vossa vista sobre a Cruz, eu vos suplico que me alcanceis uma boa morte. Por piedade, oh Advogada dos pecadores, não deixeis de amparar a minha alma na aflição e no combate da terrível passagem desta vida para a eternidade. E como é possível que nesse momento a palavra e a voz me faltem para pronunciar o vosso nome e o nome de Jesus, nomes que são toda a minha esperança, rogo-vos desde já a vosso Divino Filho e a Vós, que me socorrais nesta hora extrema, e assim direi: Jesus e Maria, eu vos entrego a minha alma. Amém."
Oração final para todos os dias:
(Feita por Santa Faustina)
“Oh Maria, uma espada terrível transpassou a vossa Alma. Além de Deus, ninguém mais sabe o tamanho do vosso sofrimento. Mas vossa Alma não se abate, mas é corajosa porque está com Jesus. Doce Mãe, vinde unir meu coração a Jesus, porque somente assim poderei suportar todas as provações e acontecimentos. E somente em união com Jesus, os meus sacrifícios serão agradáveis a Deus. Mãe Dulcíssima, ajudai-me a carregar a minha cruz. Fazei que a espada dos sofrimentos jamais me abata. Oh Virgem fiel, derramai coragem em meu coração e velai por ele. Amém.”
1ª dor: A profecia de Simeão
(Lucas 2, 34-35)
Na primeira dor, Santo Afonso lembra que Deus usa de misericórdia conosco "ocultando as cruzes vindouras" na nossa vida, porque ele deseja que vivamos o sofrimento somente na hora e no momento certo. Com a Virgem Maria, Ele não teve a mesma atitude. Maria foi destinada a ser a Rainha dos Mártires e em tudo semelhante a seu Filho. Santo Afonso disse: "Devia por isso, sofrer continuamente e ter sempre diante dos olhos as penas que a esperavam."
Oração feita por Santo Afonso:
“Oh minha bendita Mãe, não só uma espada, porém tantas quantas foram os meus pecados, tenho eu acrescentado ao vosso Coração. Não a Vós, que sois inocente, minha Senhora, mas a mim, réu de tantos delitos, são devidas as penas. Já que contudo quisestes sofrer tanto por amor a mim, alcançai-me pelos vossos merecimentos uma grande dor de minhas culpas, e a paciência necessária para sofrer os trabalhos desta vida. Por maiores que sejam, sempre serão leves em comparação dos castigos que tenho merecido e de meus pecados, que me têm tornado tantas vezes digno do inferno. Amém.”
2ª dor: A fuga da Sagrada Família para o Egito
(Mateus 2, 13-21)
Jesus e Maria passaram pelo mundo como fugitivos, e eles trazem uma lição para nós, diz Santo Afonso. "Temos de viver na Terra como peregrinos, sem apegos aos bens que o mundo nos oferece." Aprendamos com Jesus e Maria a abraçar as cruzes, porque sem elas não podemos viver neste mundo.
Oração feita por Santo Afonso:
“Oh Maria, nem depois de vosso Filho ter sido imolado pelos homens, que o perseguiram até à morte, cessaram esses ingratos de persegui-lo com seus pecados e de afligir-vos, oh Mãe dolorosa? E eu mesmo, oh meu Deus, não tenho sido um desses ingratos? Ah! minha Mãe dulcíssima, dai-me lágrimas para chorar tanta ingratidão. E pelas muitas penas que sofrestes na viagem para o Egito, assisti-me com vosso auxílio na viagem que estou fazendo para a eternidade, a fim de que possa um dia ir amar convosco meu Salvador perseguido, na pátria dos bem-aventurados. Amém.”
3ª dor: A perda do Menino Jesus no templo
(Lucas 2, 41-51)
Uma das maiores dores de Maria foi esta: a perda de seu Filho no templo. Somente nesta dor é que ouvimos Maria queixar-se, diz Santo Afonso. "Filho, por que fizeste assim conosco? Olha que teu pai e eu te buscamos aflitos!" (Lc 2,48). Essas palavras, segundo Afonso, não indicam uma “censura da parte de Nossa Senhora, mas revelam a intensa dor que experimentou na ausência do amado Filho. Essas penas de nossa Mãe devem primeiramente servir de conforto às almas que se vêem privadas das consolações e da suave presença do Senhor. Chorem, se quiserem, mas chorem com paz e resignação, como Maria chorou a ausência de seu Filho. Tomem ânimo e não temam por não ter perdido a graça divina."
Oração feita por Santo Afonso:
“Oh Virgem bendita, por que assim vos afligis, buscando o vosso Filho, como se não soubésseis onde Ele está? Não vos recordais que está em vosso Coração? Não sabeis que ele se compraz entre os lírios? Vós mesma o dissestes: ‘O meu amado é para mim e eu sou para ele, que se apascenta entre os lírios.’ (Cântico dos Cânticos 2,16). Vossos pensamentos e afetos, tão humildes, tão puros, tão santos, são outros lírios que convidam o Divino Esposo a habitar em Vós. Ah! Maria, Vós suspirais por Jesus, Vós que não amais senão a Jesus! Eu é que devo suspirar, eu e tantos pecadores que o não amamos, e o temos perdido por nossas ofensas. Minha Mãe amabilíssima, se por minha culpa vosso Filho ainda não tornou à minha alma, fazei que eu o ache de novo. Bem sei que Ele se faz achar por quem o busca. Mas fazei que eu o procure como devo. Vós sois a porta pela qual se chega a Jesus, fazei que também eu chegue a Ele por meio de Vós. Amém.”
4ª dor: Encontro com Jesus carregando a Cruz
(Lucas 23, 27-31)
Maria Santíssima chora ao ver chegar o momento da Paixão e ao notar que faltava pouco tempo para perder o seu Filho. Santo Afonso recorda que Maria não quer abandonar Jesus, embora ver sua morte seja uma dor incalculável. "Adiante vai o Filho, e atrás segue a Mãe para ser crucificada com Ele. Não nos apiedaremos de Maria, que vai seguindo o Cordeiro Imaculado, levado ao suplício? Participemos, pois, de sua dor. Com Ela, acompanharemos seu Divino Filho, levando pacientemente as cruzes que nos manda o Senhor.”
Oração feita por Santo Afonso:
“Oh minha Mãe dolorosa! Pelo merecimento da dor que sentistes vendo vosso amado Jesus conduzido à morte, alcançai-me a graça de também levar com paciência as cruzes que Deus me envia. Feliz serei, se souber acompanhar-vos com minha cruz até à morte. Vós e Jesus, que eram inocentes, carregaram uma cruz tão pesada, e eu, pecador, que tenho merecido o inferno, recusarei carregar a minha? Ah! Virgem Imaculada, de vós espero socorro para sofrer com paciência todas as cruzes. Amém.”
5ª dor: A morte de Jesus na Cruz
(João 19, 25-27)
Aqui temos que contemplar um grande martírio, indica Santo Afonso. Uma Mãe é condenada a ver morrer diante de seus olhos o seu Filho inocente. “Estava em pé junto à Cruz de Jesus, sua Mãe.” (Jo 19,25) "A Virgem não cessava de oferecer à Divina Justiça a vida do Filho pela nossa salvação. Por aí vemos o quanto cooperava pelos seus sofrimentos para fazer-nos nascer para vida da graça. E se nesse mar de angústias, que era o Coração de Maria, entrou algum alívio, então este único consolo foi certamente o animador pensamento de que, por suas dores, cooperava para nossa eterna salvação.”
Oração feita por Santo Afonso:
“Oh aflitíssima entre todas as mães, morreu, pois, vosso Filho tão amável e que tanto vos ama. Chorai, que bem razão tendes para chorar. Quem poderia vos consolar? Só pode dar-vos algum alívio pensar que Jesus com sua morte venceu o inferno, abriu aos homens o Paraíso, que lhes estava fechado, e fez a conquista de tantas almas. Do trono da Cruz, Ele reinará sobre tantos corações que, pelo amor vencidos, o servirão com amor. Dignai-vos, entretanto, oh minha Mãe, consentir que me conserve a vossos pés, chorando convosco, já que eu, pelos meus grandes pecados, tenho mais razão de chorar que vós. Ah! Mãe de misericórdia, em primeiro lugar pela morte de meu Redentor, e depois pelo merecimento de vossas dores, espero o perdão e a salvação eterna. Amém.”
6ª dor: Maria recebe o Corpo de Jesus nos braços
(Mateus 27, 55-61)
Na sexta dor da pobre Mãe de Jesus, Santo Afonso convida a contemplar "com atenção e lágrimas de piedade". As dores que até agora, uma a uma iam golpeando Maria, vem todas de uma única vez.
Santo Afonso indica então uma frase de São Boaventura, dita por Maria: "Se meu Filho quis que lhe fosse aberto o Lado para dar-te seu Coração, é justo que lhe dês também o teu." Maria reconhece em Jesus o plano completo da salvação de Deus.
Oração feita por Santo Afonso:
“Oh Virgem dolorosa, oh alma grande pelas virtudes e também pelas dores, pois que ambas nascem do grande incêndio do amor que tendes a Deus, o único objeto amado por vosso Coração. Ah minha Mãe, tende piedade de mim, que não tenho amado a Deus e tanto o tenho ofendido. Vossas dores me enchem de grande confiança, e me fazem esperar o perdão. Mas isso não me basta. Quero amar a meu Senhor. E quem me pode alcançar essa graça melhor que Vós, que sois a Mãe do belo amor? Ah Maria, a todos consolastes. Consolai também a mim. Amém.”
7ª dor: Jesus é sepultado e Maria fica em triste solidão
(Lucas 23, 55-56)
A sétima e última dor que Santo Afonso medita é a que mostra o sofrimento de Maria ao ver-se obrigada a deixá-lo finalmente no sepulcro. "Compreenderemos melhor esta última dor da Senhora, se subirmos ao Calvário e aí contemplarmos a desolada Mãe, ainda abraçada com o Filho morto. Maria foi a primeira a adorar a Cruz de Jesus.”
Oração feita por Santo Afonso:
“Oh minha Mãe dolorosa, não vos quero deixar chorando sozinha. Quero acompanhar-vos com minhas lágrimas. Esta graça hoje vos peço: obtende-me uma contínua memória com uma terna devoção à Paixão de Jesus e à vossa, para que os dias que me restam de vida me não sirvam senão para chorar vossas dores, oh minha Mãe, e as dores de meu Redentor. Essas vossas dores, espero eu, na hora de minha morte, me hão de dar coragem, força e confiança para não desesperar à vista do muito que ofendi ao meu Senhor. E elas me hão de me alcançar o perdão, a perseverança e o paraíso, onde espero depois alegrar-me convosco, e cantar as misericórdias infinitas de meu Deus, por toda a eternidade. Assim o espero, assim seja. Amém.”